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Economia

O  time de economistas da Allianz Research, divisão de pesquisa macroeconômica da Allianz Trade, líder mundial em seguro de crédito, divulgou nessa terça-feira, 20, um novo relatório analisando os impactos da guerra comercial no setor de exportações.

No documento Allianz Trade Global Survey 2025: Trade war, trade deals and their impacts on companies, os autores analisam que a América Latina tem despertado maior interesse dos exportadores, uma vez que as empresas estão buscando acesso aos Estados Unidos a um custo mais baixo.

Segundo a análise, o interesse pela América Latina dobrou (de 5% para 10%) antes e depois do “Dia da Libertação”, demonstrando como a região está se tornando um centro comercial emergente em uma cadeia de suprimentos diversificada. O maior crescimento na intenção de exportação entre as duas pesquisas foi observado entre as empresas chinesas (+10 pontos percentuais, de 5% para 15%). Os entrevistados chineses também foram os que mais indicaram intenção de aumentar seus compromissos com a região (35% com exposição à cadeia de suprimentos na América Latina após o Dia da Libertação, contra 24% antes).

O interesse dos exportadores europeus na América Latina também aumentou entre as pesquisas, principalmente entre os exportadores franceses (+11 pontos percentuais, de 4% para 15%) e alemães (+4 pontos percentuais, de 2% para 6%). Empresas dos Estados Unidos também indicaram um interesse crescente pelo mercado da América Latina, principalmente aquelas que já estão localizadas na região. Antes do “Dia da Libertação”, os destinos preferidos para realocação eram a Europa Ocidental e a região da Ásia-Pacífico (cada uma recebendo cerca de um quarto das respostas), mas isso mudou: agora há uma preferência por permanecer dentro da própria América Latina.

Análise setorial

O relatório também analisou o interesse em exportações na América Latina por setor, que de acordo com os autores, cresceu de forma generalizada. A maior mudança foi registrada no setor de energia, onde a participação cresceu 14 pontos percentuais (de 4% para 18%), seguido pelo setor de mineração (+13 pontos percentuais, de 6% para 19%). Para outros setores, o aumento foi mais modesto: a manufatura subiu 5 pontos percentuais (de 4% para 9%), a agricultura, 4 pontos percentuais (de 5% para 9%) e o atacado, 2 pontos percentuais (de 5% para 7%).

Segundo os economistas, as exportações de commodities da América Latina aumentaram nos últimos anos, impulsionadas pelas riquezas naturais e minerais, levando tanto a União Europeia quanto a China a estabelecer acordos comerciais mais estreitos com os países latinos.

Prazos de pagamento mais longos em 2025

O estudo analisou ainda o prazo de pagamentos das empresas em diferentes setores e revelou que apenas 11% das empresas exportadoras continuam a receber pagamento em até 30 dias (percentual estável em relação à pesquisa do ano passado), com a participação entre os três maiores exportadores do mundo (EUA, China e Alemanha) ainda abaixo que seus pares. Cerca de 70% das empresas recebem entre 30 e 70 dias, com taxas um pouco mais altas no Reino Unido (75%), França (73%), Itália (73%) e EUA (73%).

No extremo oposto, Alemanha, Itália e Polônia registraram uma redução significativa nos maiores atrasos de pagamento nas exportações em comparação com 2024. A China ainda se destaca com mais empresas enfrentando os delays mais longos de pagamento das exportações: 6% das empresas são pagas após 90 dias, em comparação com 3% da amostra geral. Empresas do setor de manufatura, em particular, são as que mais esperam para receber.

Empresas dos setores de varejo, computadores e telecomunicações, construção e automotivo tiveram prazos de pagamento mais curtos nas exportações (menos de 50 dias em média), enquanto uma parcela significativa de respondentes nos setores de equipamentos de transporte, energia, eletricidade, metais, papel e agroalimentar indicaram prazos mais longos (acima de 50 dias em média).

Por outro lado, 28% das empresas do setor agrícola esperam uma redução nos prazos de pagamento (em comparação com 32% da média geral). Uma parcela maior dos entrevistados nos setores de manufatura e comércio espera estabilidade nos prazos (24% e 24%, respectivamente).

Risco de inadimplência

O estudo analisou os impactos da guerra comercial na inadimplência: quase metade dos exportadores esperam aumento no risco de inadimplência, com empresas dos EUA, Itália e Reino Unido mais preocupadas. Atualmente, 48% das empresas preveem maior risco nos próximos 6 a 12 meses — contra 38% antes do início do conflito comercial e 37% em 2024.

O risco de inadimplência aumentou especialmente no Reino Unido (+24 p.p.) e nos EUA (+21 p.p.), os quais, junto com a Itália, agora registram as maiores parcelas de empresas esperando um aumento no risco de não pagamento (62%, 56% e 59%, respectivamente). As preocupações corporativas são mais contidas na China (43%) e, acima de tudo, na Alemanha e França (ambas com 34%).

Exportadores dos setores de atacado e varejo (50%) estão mais preocupados com o risco de inadimplência do que os da manufatura (46%) e da agricultura (40%). Considerando todos os setores, quanto maior o faturamento, maior o risco percebido de inadimplência.