Acontecerá na Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO) na próxima quarta-feira, 20, dia de campo gratuito em que serão mostrados resultados de experimento com tambaqui e tambatinga. São dados de desempenho produtivo, nutricional, reprodutivo e sanitário das duas espécies em que o Tocantins é destaque na exportação de alevinos. Os públicos prioritários do evento são produtores, técnicos que trabalham com aquicultura e pesquisadores.
Luciana Shiotsuki é pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura e lidera projeto por meio do qual estão sendo gerados os dados. Ela explica que embora o tambaqui seja criado em cativeiros há mais de 25 anos, nenhuma melhoria incremental é observada e replicada. "Não há pacotes tecnológicos, como programas de melhoramento genético ou rações específicas para a espécie”, disse.
Como consequência, de acordo com a pesquisadora, “isso instiga a busca pelos produtores por animais híbridos (estratégia de acasalamento que utiliza o cruzamento de espécies diferentes), que visa explorar o melhor aproveitamento de uma possível heterose pelo cruzamento entre espécies”. Heterose é quando os filhos têm melhor desempenho que a média dos próprios pais.
Ainda de acordo com Luciana, a utilização de híbrido e a falta de informações técnicas que subsidiem a escolha da espécie a ser trabalhada prejudicam a conservação e a exploração das espécies puras, nativas da nossa região. "Possibilitando que as espécies possam ser extintas ou até mesmo que se perca o interesse por elas, caso nenhuma ação de melhoria seja destacada”, explica. É nesse contexto que projetos da Embrapa e de parceiros podem atuar gerando dados e informações confiáveis e colaborando para a mudança da realidade, transformando em fato concreto o potencial da aquicultura em estados como o Tocantins.
Para um futuro próximo, resultados como os desse projeto podem colaborar, por exemplo, numa decisão mais consciente por parte do produtor com relação à espécie que será cultivada. Também podem reforçar a relevância do tambaqui enquanto espécie nativa, hoje a mais cultivada no Brasil mas com potencial ainda longe de ser totalmente desenvolvido. Luciana entende que “os resultados desses trabalhos subsidiam a necessidade de desenvolver programas de melhoramento genético para espécies nativas que tenham apelo social e econômico para a diversificação de espécies da aquicultura, como recomendado pela FAO, a fim de mitigar efeitos quanto às mudanças climáticas, aos surtos de doenças, às flutuações do mercado e a outras incertezas”.
O projeto Protagonismo tocantinense: grande exportador de alevinos de espécies nativas, coordenado por Luciana, é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (Fapt). Para o evento de 20 de agosto, além da fundação, são parceiros as empresas privadas ADM e Aquicultura Fazenda São Paulo, a Secretaria da Pesca e Aquicultura do Tocantins (Sepea) e o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO). (Embrapa/TO)