O Sindicato dos Farmacêuticos do Estado do Tocantins (Sindifato) manifestou preocupação com a saúde pública de Palmas durante reunião do Conselho Municipal de Saúde na última quarta-feira, 20. Na ocasião, o presidente da entidade, Renato Soares Pires Melo, alertou para a situação preocupante das farmácias municipais.
A principal questão levantada pelo presidente do Sindifato foi sobre o fechamento de farmácias municipais durante parte do dia. Segundo o sindicato, dados apresentados e confirmados indicam que oito farmácias municipais estão atualmente funcionando apenas em meio período, o que tem gerado apreensão, não só entre os conselheiros, mas em toda a sociedade palmense, que se depara com a crescente dificuldade no acesso a medicamentos essenciais.
“O alerta que trazemos ao plenário e à população é grave. Pacientes que iniciam tratamentos, muitos deles contínuos, encontram as farmácias fechadas e, consequentemente, veem a interrupção do seu tratamento e a perda da sua eficácia”, declarou Renato.
O presidente disse ainda que além do prejuízo incalculável à saúde do paciente, a interrupção do tratamento causa um prejuízo de 100% de todo o gasto público já investido naquele paciente – seja com a aquisição de medicamentos, insumos ou atendimentos anteriores. "Em outras palavras, tudo se perde, resultando em um desperdício de 100% do dinheiro público. Para uma gestão que frequentemente alega dificuldades orçamentárias, é inconcebível que se permita um prejuízo total dos valores gastos com aquisição de medicamentos e toda a cadeia de atendimento", reclamou.
O Sindifato ressaltou que o problema se agrava ao considerar que, até o momento, a principal razão para a interrupção de tratamentos "é a crônica falta de medicamentos". "Um relatório detalhado da própria Secretaria Municipal de Saúde, referente ao quadrimestre anterior de 2025, já confirmava a assustadora marca de 60% de ausência de medicamentos na rede", acrescentou.
Ausência de profissionais e concurso
Além da carência de fármacos e da redução dos horários de funcionamento, a ausência de profissionais farmacêuticos e o déficit de pessoal em outras categorias têm impactado diretamente a saúde da população, informou o Sindifato. "A sobrecarga de trabalho para os servidores remanescentes, os afastamentos por adoecimento e a perda de profissionais para o mercado privado em busca de melhores condições são consequências diretas. Pacientes que deveriam ser atendidos na atenção básica são forçados a recorrer às unidades de urgência e emergência e aos hospitais da capital, causando um inchaço desnecessário nessas unidades", frisa o presidente Renato.
A diretoria do Sindifato manifestou sua “profunda preocupação com o descaso da saúde pública” e criticou a postura da gestão municipal. “Entendemos que a atual gestão herdou problemas, porém, ao invés de combatê-los com ações técnicas e planejamento, prefere dar continuidade e repassar sua responsabilidade para terceiros”, pontuou o presidente.
Um fato que causa indignação, segundo o Sindifato, é a alegação de falta de orçamento para a convocação de concursados. "Apesar de um concurso público ter sido realizado em 2024, com um cadastro de reserva ainda aguardando posse, a gestão municipal justifica a não nomeação pela falta de recursos. Contudo, o próprio relatório do primeiro quadrimestre revela a intenção da Secretaria de Saúde de construir novas unidades de saúde", disse Renato.
O representante questiona o que acontecerá com as novas unidades. "Se as unidades atuais padecem por falta de profissionais, o que acontecerá com as novas unidades sem pessoal para atender à sociedade palmense? Parece que há orçamento para construir prédios vazios, mas não para realizar concurso e empossar servidores próprios”,
Privatização
A terceirização de serviços de exames laboratoriais, de urgência e emergência, e mais recentemente de parte do Programa Saúde da Família, são exemplos citados pelo Sindicato, que vê o sucateamento das farmácias municipais como um caminho para justificar a privatização desses serviços.
Renato Soares Pires Melo reforçou que a iniciativa privada deve ser uma complementação do sistema de saúde, e não a regra. “O que estamos vivenciando atualmente é um avanço dos serviços privados em detrimento dos serviços próprios da gestão municipal”, alertou.
O Conexão Tocantins solicitou e aguarda posicionamento da Secretaria Municipal de Saúde da Capital (Semus). Esta matéria será atualizada assim que a nota oficial for recebida
Sindifato
O Sindicato dos Farmacêuticos do Estado do Tocantins foi fundado em 20 de setembro de 1997 e registrado em 8 outubro de 1998, quando foi constituída a primeira diretoria em assembleia geral da categoria. É formado pela Diretoria Executiva, Conselho Fiscal e Delegados Representantes junto á Federação, efetivos e suplentes, eleitos a cada quatro anos.
E-mail: contato@sindifato.org.br. Página online: https://www.sindifato.com.br/. Instagram (@sindifato).