O radialista e historiador Siloé Noleto, figura icônica da comunicação no norte do Tocantins, vive um dos momentos mais difíceis de sua vida. Longe do microfone desde abril deste ano, após sofrer um infarto, ele está em Brasília há quatro meses em busca de tratamento para insuficiência cardíaca e aguarda a realização de uma nefrectomia, cirurgia de retirada do rim direito antes de ser submetido a um transplante de coração. Mas sua permanência na capital federal está ameaçada pela omissão do Governo do Tocantins, que não tem repassado os valores do Tratamento Fora do Domicílio (TFD), direito garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Trajetória de uma voz conhecida
Com 39 anos de carreira no rádio, Siloé começou em 1986 na então Rádio Siqueira Campos, em Colinas. Desde então, tornou-se presença diária nas manhãs da população.
“A voz do Siloé sempre abrilhantou nossas manhãs com alegria e profissionalismo. Ele sempre deu atenção ao público, cumprimentando as pessoas dentro e fora da rádio. É uma inspiração”, destacou a ouvinte e empreendedora Leila Ribeiro.
A Luta pela vida e a burocracia
Após o infarto, Siloé foi atendido no Hospital Municipal de Colinas do Tocantins e transferido para Araguaína. Em seguida, por indicação do SUS, foi encaminhado para Brasília/DF, onde está sob acompanhamento do Hospital das Forças Armadas e do Hospital Regional de Santa Maria. No entanto, para não perder a vaga de atendimento, ele precisou custear do próprio bolso as despesas de viagem, hospedagem e alimentação para si e para a acompanhante.
“Está muito difícil permanecer aqui. Temos uma despesa alta de aluguel, transporte, alimentação e remédios. É humilhante ficar pedindo para que paguem o que a lei garante. Quero fazer a cirurgia, recuperar a saúde e voltar para o rádio, mas dependo desse auxílio”, desabafou.
O que diz a lei
O advogado colinense Fábio Alves Fernandes lembra que o TFD é um direito assegurado pela Constituição Federal e por normas do Ministério da Saúde.
“A demora do Estado em repassar os recursos, sem justificativa legal, fere um direito fundamental e coloca o paciente em risco. Cabe inclusive ação judicial, com pedido de liminar, para garantir transporte, hospedagem e alimentação”, explicou.
Segundo Fernandes, a omissão do Estado pode configurar improbidade administrativa, gerando dever de indenizar e responsabilizar os gestores.
Direito negado, esperança mantida
O TFD é destinado a pacientes que precisam de tratamento inexistente na cidade ou estado onde vivem. Ele cobre transporte, hospedagem e alimentação para paciente e acompanhante. No caso de Siloé, todos os passos foram cumpridos, laudo médico, regulação de vagas e envio de relatórios mensais, mas o recurso não foi liberado.
Enquanto aguarda uma solução, o radialista se mantém firme na esperança. “Confio em Deus e quero voltar para minha cidade, para minha rotina. Mas preciso de condições para terminar meu tratamento”, conclui.