O Natal de 2025 deve ser marcado por escolhas cautelosas no consumo, priorização das relações familiares e manutenção de práticas tradicionais, segundo a pesquisa Panorama de Consumo no Natal 2025, realizada pela Atlas/Intel em parceria com a Escola de Comunicação da FGV. O estudo mostra que, embora a data siga como uma das mais relevantes para o varejo, o comportamento do consumidor é moldado por limites orçamentários e por hábitos culturais consolidados.
Entre os brasileiros, 40,8% afirmam que pretendem comprar presentes, enquanto 31,7% não devem comprar e 27,5% ainda estão indecisos. A dificuldade financeira é o principal motivo para a abstenção: 64,6% dos que não comprarão presentes afirmam não estar em boa situação econômica. O dado reforça que a redução do consumo não está ligada à rejeição da data, mas às restrições materiais das famílias.
Entre aqueles que irão às compras, predomina um comportamento conservador:
● 39,1% pretendem comprar o mesmo que no ano passado;
● 33,7% devem comprar menos;
● Apenas 21,7% planejam comprar mais.
A justificativa para manter o mesmo nível é simples: não mudou nem o número de presenteados (41,2%) nem o orçamento disponível (27,6%). Já quem vai comprar menos cita diretamente preços altos e orçamento apertado, reforçando que a inflação acumulada dos últimos anos ainda reverbera nas decisões de consumo natalino.
O planejamento financeiro para o Natal reforça esse cenário de contenção. Os consumidores se distribuem majoritariamente nas faixas intermediárias de gasto, entre R e R0, onde se concentra quase metade da amostra. Valores mais altos aparecem de forma mais dispersa e representam parcela menor do público, enquanto apenas 5,7% pretendem gastar até R. Para 6,5%, o orçamento ainda não está definido, o que também indica incerteza sobre a capacidade de consumo.
A temporalidade das compras mantém o padrão observado em anos anteriores: o mês de dezembro concentra a maior parte das decisões. O início do mês reúne 25,4% das compras, seguido da metade do mês (22,7%) e da última semana (15,9%). O planejamento antecipado, com compras realizadas dois meses antes, permanece pouco representativo, alcançando apenas 3,5% dos entrevistados. Esse comportamento expressa tanto hábitos culturais quanto a dependência do salário de dezembro para definir o orçamento final.
E-commerce se consolida como principal canal de compra
No que se refere aos canais utilizados, o digital se destaca como preferência majoritária entre os consumidores que pretendem presentear: 39% afirmam que farão a maior parte das compras online. As lojas de rua aparecem em seguida (25%), enquanto 24,9% devem alternar entre físico e digital. Os shopping centers, por sua vez, aparecem como opção principal para apenas 11% dos entrevistados. As razões para a escolha do ambiente digital apontam para um consumidor pragmático: comodidade (59,9%), menores preços (56,9%), promoções (30,4%), além de variedade de produtos, frete gratuito e a possibilidade de consultar avaliações de outros usuários. Esses fatores consolidam o e-commerce como um componente estruturante da experiência de compra no período natalino.
Quem será presenteado: núcleo familiar concentra as escolhas
Quando o foco se desloca para quem será presenteado, a centralidade da família aparece com clareza. Entre os consumidores que pretendem comprar presentes, 42,8% indicam os filhos como principais destinatários, seguidos por cônjuges ou namorados(as) (34,7%), mães (31,5%), crianças da família (25,1%) e pais (22,3%).
Fora do núcleo doméstico, as intenções são menos frequentes: 9,8% mencionam amigos e 2,8% colegas de trabalho. Além disso, 13% dos entrevistados afirmam que pretendem comprar um presente para si próprios.
Tipos de presente: itens tradicionais e de uso cotidiano predominam
As categorias de produtos mais procuradas acompanham esse padrão. Roupas lideram com folga, citadas por 46,9% dos entrevistados, seguidas por perfumes e cosméticos (22,9%), brinquedos (22,4%) e calçados (21%).
Outras categorias aparecem de forma mais pontual, como eletrônicos (11,4%), acessórios (11,3%) e livros (9,1%). Já itens como chocolates e doces (8,1%), produtos para casa (4,6%), jogos e videogames (4,4%), bebidas (2%) e viagens (1,7%) ocupam posições menos frequentes nas intenções de compra.
A ceia como eixo central do Natal brasileiro
A ceia permanece como o principal ritual das celebrações de fim de ano. 59% dos brasileiros afirmam fazer ceia todos os anos, enquanto 22,2% realizam o jantar em algumas ocasiões, indicando que a reunião em torno da mesa continua sendo um elemento estruturante do Natal.
Entre os itens considerados indispensáveis, panetone ou chocotone aparecem no topo das menções (36,7%), seguidos por farofa (35%), refrigerante (34,7%), salpicão (32%) e sobremesas natalinas (32%). Carnes tradicionais como chester (28%) e peru (22,6%) seguem presentes, acompanhadas por preparos como maionese ou salada de batata (27,3%), arroz à grega (24,8%) e frutas frescas (23,3%).
Também são mencionados itens como vinhos (21,2%), lombo (17,2%), bacalhau (12,8%), espumante (12,4%) e tender (8%), compondo o repertório de preparos lembrados pelos entrevistados.
Disputas clássicas do Natal: passas no arroz e panetone vs. chocotone
Algumas das polêmicas mais recorrentes da ceia seguem presentes. No caso do arroz com passas, 43,4% afirmam preferir a versão com o ingrediente, enquanto 27,4% preferem sem passas e 25,2% dizem que tanto faz. Uma parcela menor (3,9%) afirma não consumir arroz na ceia. Entre panetone e chocotone, a preferência permanece dividida: 33,2% escolhem o chocotone e 29,3% optam pelo panetone tradicional. Além disso, 9,7% mencionam o consumo de panetones artesanais.

